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Audiência discutiu cotas na universidade

Audiência discutiu cotas na universidade

 Casa cheia na audiência pública realizada pela Câmara de Vereadores de Ouro Preto na quarta-feira, 22. Aproximadamente 100 alunos e professores do ensino médio participaram do debate que discutiu a adoção de cotas no vestibular da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). Quase a totalidade do público presente manifestou-se a favor da proposta que tramita no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da Ufop (Cepe), que propõem a reserva de 50% das vagas para estudantes que cursaram integralmente o segundo grau em escolas públicas.

Na avaliação do vereador Wanderley Rossi Kuruzu (PT), presidente da Comissão de Educação e Saúde da Câmara Municipal, este foi o debate mais importante sobre o tema. “Embora já tenha acontecido algumas discussões anteriores, a participação da comunidade era ainda pequena. A audiência de hoje lotou a Câmara Municipal, participaram alunos e professores”, comemorou. Conforme o vereador, o Legislativo defende a implantação das cotas. “Enviamos uma representação ao reitor João Luís Martins, de minha autoria e aprovada por unanimidade pelos vereadores, manifestando nosso posicionamento favorável às cotas”. De acordo com Kuruzu, a discussão da proposta de reserva de vagas para egressos de escolas públicas pelo Cepe já demonstra a boa vontade do reitor da Ufop em tratar o assunto.

 

Carolina de Sá, aluna do terceiro ano do ensino médio do Colégio Dom Pedro II conta que na escola a temática tem sido trabalhada pelos professores e que a maioria dos estudantes são favoráveis às cotas. “A professora Solange Palazzi fala muito com a gente. Precisamos das cotas para mostrar que somos tão capazes de cursar uma universidade pública quanto os estudantes das escolas particulares”.

 

Temistocles Rosa Filho, o Teco, representante do Movimento Hip Hop de Ouro Preto, considera que a discussão possibilitou avanços. “Essa audiência foi uma das melhores que conseguimos fazer sobre o assunto, muitos estudantes participaram e vamos sair daqui com uma bagagem ampliada sobre o tema”.

 

A superintende Regional de Ensino, Darcy Rosário, também disse ser a favor da reserva de cotas na Ufop e informou que a Superintendência promoverá uma audiência pública com pais e alunos dos municípios que fazem parte da jurisdição, Mariana, Ouro Preto, Diogo de Vasconcelos, Itabirito e Acaiaca.

 

Essa foi a terceira audiência pública promovida pela Câmara sobre o tema. Também participaram do debate Laura Fina, representante da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (Umes), Neusiane Renata Silva, da União da Juventude Ouropretana (Ujop), Márcia Valadares do Fórum da Igualdade Racial de Ouro Preto (Firop), Diretório Acadêmico dos Estudantes da Ufop, Associação dos Discentes da Ufop (Adufop) e representantes do Cefet, Ufop e Secretaria Municipal de Educação.

 

 

DCE

Os representantes da diretoria do Diretório Central do Estudantes da Ufop (DCE) disse ser contrária à proposta da reserva de vagas na instituição para egressos de escolas públicas e receberam duras críticas durante o debate. “A decisão da diretoria não significa que não possa ser mudada. Somos a favor das políticas afirmativas, porém, os diretores são contra a reserva de vagas”, disse Fabiana Oliveira da Silva, diretora do DCE.

 

Proposta

A proposta de reserva de 50% das vagas do vestibular da Ufop para estudantes de escolas públicas, a exemplo do que já acontece na Universidade Federal de Juiz de Fora foi apresentada ao Cepe pela Comissão Permanente de Processos Seletivos (Copepes) em fevereiro deste ano. “O Cepe considerou não ter elementos suficientes para decidir sobre o assunto e solicitou que a universidade discutisse melhor a matéria. Já fizemos duas audiências públicas e retomaremos as discussões em outubro”, explica o pró-reitor adjunto de graduação da Ufop Adilson Pereira dos Santos. Conforme Adilson, a questão das cotas ainda não entrará no próximo vestibular, mas, se o debate avançar, até o vestibular do segundo semestre de 2008 já haverá uma posição sobre se as cotas serão ou não adotadas pela Ufop.

 

 

Panorama

Atualmente, 48 instituições públicas de ensino em todo o país já adotam a reserva de vagas como parte das políticas de ações afirmativas. A distribuição das cotas obedece basicamente a dois modelos. O primeiro é baseado em critérios sociais, definidos para favorecer alunos de baixa-renda. O outro modelo, chamado de étnico-racial, privilegia os indivíduos classificados como pretos ou pardos e também á população indígena. Parte destas instituições optaram pela combinação de ambos os modelos, tendo como critério geral para reserva de vagas priorizar alunos egressos de escolas públicas.

 

Conforme dados apresentados por Adilson Pereira dos Santos, de acordo com pesquisa realizada nos anos de 2005 e 2006, 65,5% dos alunos da Ufop ouvidos se declaram brancos e 64% são oriundos de escolas particulares. A maior presença de negros foi registrada nos cursos de Música, 58%, Matemática, 50%, e Filosofia (40%). Também foram estes cursos que apresentaram maior porcentagem de alunos vindos de escolas públicas, 76% no curso de Música, 73% Matemática, 68% Física e 56% Filosofia.

 

 

 

Fotos: Audiência pública sobre cotas na universidade

 

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