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Padre Geraldo: Cidadão de Honra de Ouro Preto

Padre Geraldo: Cidadão de Honra de Ouro Preto

Padre Geraldo: Cidadão de Honra de Ouro Preto

Câmara Municipal de Ouro Preto - Padre Geraldo: Cidadão de Honra de Ouro Preto

Pároco da Matriz de N. S. da Conceição, no Antônio Dias, durante quatro anos, e articulador do Movimento Fé e Política, padre Geraldo atuou na preparação de lideranças comunitárias, fomentou a participação política popular e defendeu a promoção humana como alternativa ao assistencialismo. Na última terça-feira, 13 de setembro, o religioso recebeu o Título de Cidadão Honorário de Ouro Preto. Através da homenagem, proposta por um projeto de autoria do vereador Wanderley Rossi Kuruzu (PT), presidente da Câmara Municipal, o Legislativo buscou reconhecer a importância do trabalho desenvolvido por padre Geraldo.

Mineiro de Capela Nova, hoje, aos 43 anos de idade e 20 de sacerdócio, ele defende a ação sócio-transformadora da Igreja Católica. Filho do pedreiro Amantino e da doméstica Terezinha Gonçalves Barbosa, padre Geraldo ressalta a preocupação de seus pais em proporcionar aos filhos a oportunidade para que estudassem e a influência da devoção e religiosidade familiar. A seguir, o sacerdote fala sobre sua formação e sobre a necessidade de fazermos com que “a fé celebrada na Igreja seja vivenciada também no dia-a-dia”.

Qual a sua idade?
Padre Geraldo: Tenho 43 anos. Nasci em 25 de outubro de 1961, em Capela Nova. Sou filho de uma família de nove irmãos, sete homens e duas mulheres. Sempre houve muita preocupação de meus pais em proporcionar aos filhos o estudo que não tiveram. A gente aprendeu com eles a determinação, a ousadia e a fé.

O senhor teve influências familiares na decisão de tornar-se padre?
Padre Geraldo: Somos três irmãos padres. Paulo, pároco na catedral da Sé, em Mariana, eu e o Cônego Antônio Eustáquio, que no momento auxilia em Alto Rio Doce. A nossa família teve sempre um ambiente de muita religiosidade. Minha mãe rezava muito para Deus iluminar nossa vocação e, talvez, de certa maneira, isso tenha influenciado, embora acreditemos que a vocação é um chamado especial de Deus. Entrei muito cedo para o seminário, em Mariana, no ano de 1973. Lá, fiz todos os meus estudos – ensino fundamental, ensino médio, filosofia, teologia e outros cursos de preparação para a vida do presbiterado. Fui ordenado em 1985, em Barbacena.

Quanto tempo o senhor ficou na Paróquia N. S. da Conceição, no Antônio Dias, Ouro Preto?
Padre Geraldo: Quatro anos e quatro meses, cheguei em 14 de fevereiro de 2001 e saí em 19 de junho de 2005.

Como descreve essa experiência? Quais os momentos que considera mais importantes e os principais desafios enfrentados?
Padre Geraldo: Confesso que quando seminarista sonhava que um dia pudesse ser pároco em Ouro Preto. Destaco a preocupação que tínhamos de não ficarmos simplesmente dentro da Igreja, e levarmos para fora aquilo que celebrávamos dentro. O desafio maior era a gente tocar na consciência das pessoas, no coração, e mostrar que era necessário não serem somente assistidas, mas promovidas. Destaco, nesse período, o Movimento Fé e Política, que começamos em Mariana, e Dom Luciano me confiou a coordenação. Realizamos muitos encontros preparando pessoas para exercerem postos de liderança em associações de bairros, em partidos.

O senhor foi um dos articuladores do Movimento Fé e Política. Em 2002, participou do plebiscito sobre a Alça, denunciando à população os perigos para nosso País que o acordo de livre comércio das Américas, pretendido pelos Estados Unidos, representa. Mais recentemente, também ajudou a organizar a I Semana Social de Ouro Preto. Na sua avaliação, qual deve ser papel da Igreja nas questões políticas e sociais?
Padre Geraldo: A Igreja tem como missão continuar a obra de Jesus, ele curava os doentes, alimentava os famintos, denunciava as coisas erradas no sistema opressor de sua época. Para ser fiel à sua missão, a Igreja deve denunciar as coisas erradas, as manipulações, a corrupção, a desonestidade e, também, ser anunciadora da verdade, da solidariedade, da justiça, da paz. Hoje, padres, e a Igreja como um todo, devem ser acolhedores, missionários. Precisamos fazer com que a fé celebrada dentro da Igreja seja vivenciada no dia-a-dia. Mas a Igreja não deve se reduzir a uma entidade filantrópica. Existem seis dimensões que integram a obra da evangelização, a comunitária, a catequética, a ecumênica a litúrgica, a celebrativa e a dimensão sócio-transformadora, da qual estamos falando.

Como o senhor se sente recebendo o título de Cidadão Honorário de Ouro Preto?
Padre Geraldo: Desde que o presidente da Câmara, o vereador Kuruzu, trouxe a proposta, senti muita gratidão. Mas, sem falsa modéstia, não me acho merecedor. Há muitas pessoas que não nasceram em Ouro Preto e exercem lá sua cidadania e contribuem para uma cidade melhor e que também deveriam receber o título de cidadão de honra. Porém, fico muito feliz pelo reconhecimento, embora eu não possa deixar que isso encha meu coração de vaidade. Ao longo de 20 anos de sacerdócio, passei por várias cidades e é a primeira vez que recebo um título de Cidadania Honorária. Como nada do que fiz pude fazer sozinho, dedico este título a todos que participaram conosco no Movimento Fé e Política, às pessoas que trabalharam no resgate da Beneficência Pedro Arbues – trabalho hoje continuado pelo padre Luís Carneiro -, às mães de família, às crianças, aos idosos, aos agentes das pastorais e a todos aqueles que ajudam Ouro Preto a ser melhor, não apenas como patrimônio da história e da arte, mas também no sentido da vida e da fé.

Foto: Padre Geraldo Barbosa, ex-paróco da Matriz de N. S. da Conceição, recebeu o cumprimento de fiéis e do presidente da Câmara, Wanderley Kuruzu, autor da homenagem

Publicado por: Assessoria de Comunicação em 16/09/2005

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